terça-feira, 19 de maio de 2015

As sombras de Longbourn de Jo Backer

Editora: Companhia das Letras

Mesmo no século XXI, os românticos de plantão não desprezam leituras que remontem épocas distantes onde as mulheres ainda se escondiam atrás de espartilhos e aguardavam, pacientemente, pelos cavalheiros que as levariam a um paraíso de amor sem fim.

As sombras de Longbourn consegue transportar os leitores para esse universo,  e pinta um retrato daqueles que trabalhavam para que a elegância dos lordes e damas fossem intactas. Jo Backer arrisca bastante nessa nova perspectiva do clássico mais adorado de Jane Austen, Orgulho e Preconceito, quando faz de uma simples serviçal, Sarah, a sua personagem principal.

O problema não é dar vida aos empregados da família Bennet, mas “alterar” a imagem que as fãs de Jane fizeram de Elizabeth, além de questionar o caráter do Sr. Bennet. Toda a “perfeição” desses dois personagens é destruída durante a narrativa que pinta Lizzy como uma menina mimada que adora caminhar e sujar as bordas de seu vestido sem se importar que Sara e Polly  passem madrugadas lavando roupa em água capaz de congelar os dedos. Já o Sr. Bennet esconde bem um segredo que torna mais amarga a vida da governanta, a Sra. Hill.

 Em meio a tantas intrigas, Sarah procura dar um sentido à sua existência, pois está cansada de viver em função do casal Bennet e de suas 5 filhas. Ela quer conhecer a agitação de Londres e descobrir o que há fora de Longbourn. Nesse período, aparecem o misterioso James Smith e o galanteador lacaio, Pitolomy Bingley. Os olhos da personagem se abrem para ver que ela é mais do que mãos calejadas ou roupas simples, ela é uma mulher que precisa e merece ser amada.

A saga revela como a vida pode ser difícil e que os mais “nobres” tem segredos capazes de fazer até os queixos mais duros caírem. A opressão da falta de perspectivas que os empregados têm remete ao sistema de casta indiano, onde órfãos sem um sobrenome importante só podem contar com a bondade de famílias mais abastadas para dar casa, comida e pouquíssimas horas de descanso, em troca de uma existência medíocre. Não há grande chances de mudar esse destino. Entretanto, Sarah consegue escrever sua própria história.


De leitura fácil, claro que com nomes e expressões diferentes da época, e com narrativa bastante descritiva, o livro pinta cenários diferentes das salas de estar e dos salões de baile. Ele fala do campo e da simplicidade dos locais onde Sarah e os demais personagens, ocultos na saga da Srta. Austen, transitavam. Nesses ambientes, assuntos como sexo, homossexualidade e traição estão presentes.  

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Todas as rotas em uma só



O brilho das lembranças do passado se esvai, e os olhos fixos no futuro procuram um foco para descansar.

Tudo o que tinha nas mãos escorreu pelo caminho, a única certeza que tem é que esse tudo vai passar.

Algumas coisas escapam pelos dedos com naturalidade, outras são arrancadas de suas mãos com tanta força que a consequência é o seu fraco corpo no chão.

Alguns andam com ela por quilômetros, outros atravessam o caminho, mas a única certeza é que o destino é seu.

Ela quer enfeitar a sua rota, colocar flores azuis nas laterais, sentir o vento beijando o  rosto e penteando seus negros cabelos.

Não importa o que o tempo irá fazer. Que os beijos sejam verdadeiros, os abraços apertados e inteiros para que o seu caminho seja simplesmente belo e singular. 

terça-feira, 20 de março de 2012

A espera


Sentada sobre a mala, ela espera algo chegar,

não sabe da onde vem e nem para onde vai,

só espera, com ansiedade, algo muito importante a encontrar.



Não é de hoje que ela espera, desde pequena ela percebeu,

que a sina da vida é aguardar por algo que ainda não ocorreu.

Ainda na barriga da mãe, ela chutava para sair.



No colégio, não via a hora de avistar o sorriso

daqueles que iriam buscar e finalmente se aninhar num colo só seu.



Ao crescer, a sede por traçar seu próprio caminho tirava o sono.

O que acontece? Não vê o futuro, nem o que pode acontecer.

Só sabe que a sua Esperança Vive, e isso jamais esqueceu.



Daí se lembrou que perdeu tempo na expectativa de esperar,

e que não viu nem as flores e nem as borboletas da primavera.

Ainda há tempo, a estação só começou, desfruta daquilo que já ganhou.

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