quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um mundo ideal no centro de Sampa

Hoje acordei de bem com a vida. Sabe aqueles dias em que há uma vontade enorme em agradecer a uma força superior por tudo, desde o ar que passa pelos meus pulmões com bronquite até pela tirana chefe que tenho? Então eu fico assim pelo menos uma vez por ano.

Despertar em um apartamento no centro de São Paulo não é uma experiência de contato com a natureza, mas nesses dias, especificamente, posso ouvir os pássaros cantando, os raios de sol refletidos nas folhas das poucos arbustos e a movimentação de animais muito estranhos, os homens.

O cheiro de gás carbônico assemelha-se ao significado do aroma de cocô de vaca para os amantes do campo. E vou seguindo o meu dia assim.

As filas nos mercados não me deixam impaciente, como em dias normais, mesmo que eu fique atrás de velhos que contam moedas de dez centavos para pagar uma compra de R$50 reais.

Já, as escadas rolantes do metrô não passam de uma oportunidade de descansar minhas pernas e observar tudo ao meu redor. Oh, como é linda a diferença! Pessoas magras, gordas, grandes, pequenas, ricas e pobres. Extremos de um mundo em um só lugar.

Hoje os relógios não têm função, o que rege a minha vida são as buzinas que me lembram batidas de reggae, me dizendo para relaxar porque está tudo bem e o dia não vai acabar.

Danem-se os horários, seja o de bater o ponto ou o de sair do trabalho. Que partam os trens e ônibus que não podem me esperar a contemplar a fauna da selva de pedras. Que fiquem roucos os professores e chefes que gritam, ou para botar medo ou apenas para captar a atenção! Que os compromissos sejam cancelados, todos eles! Deixem para amanhã o que não precisa ser feito hoje!

Mas, esses dias têm fim! São feitos apenas por 24 horas, e ao chegar em casa percebo que estou cansada como nos demais. Agora, com mais afazeres do que ontem, porque aqueles ficaram para hoje, mas na verdade serão os de amanhã também. E assim, sucessivamente, até que eu resolva cumprir essas tarefas.

Na verdade, acho que os dias no centro de Sampa têm menos horas do que em outro lugar. E para viver bem aqui é necessário desligar pelo menos uma vez a responsabilidade e compromisso com o senhor tempo e curtir as coisas que só tem aqui.


5 comentários:

  1. Espero que sua chefe não veja o texto rs
    bjos querida
    Miúdo

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  2. Adorei o texto.....é, acho que algumas vezes precisamos desligar.

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  3. Olá Nany,

    gostei do texto, parabéns!
    Espero que vc tenha mais dias assim!!!

    Achei infame, mas morri de rir com a dos velhinhos na fila!

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  4. Nany...sou amiga da Dri..ela me aprensentou o seu blog.
    Queremos montar um e colocar nossos singelos textos...rsrs

    Adorei seu lindo dia no Centro de Sampas..srs..muito bom seus textos...rimos muito.

    Bjs

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  5. O texto está divertido como você! Já falei que podia escrever o diário de Briget Jones... Exemplos bem colocados, em tom bem-humorado e provocativo até. Fica ainda o recado para a gente viver com entusiasmo. Mesmo que as situações pareçam absurdas, vive melhor quem valoriza um banho quente de manhã e um céu, mesmo o de Sampa! Fazia tempo que não entrava aqui, seus textos estão ótimos!

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