Trocando os sonhos pela realidade

Janete pensava em sua vida. Mexia de um lado para outro e nada de conseguir dormir. Lembrava de seu trabalho, do que fez no dia, das tarefas que ficaram para o amanhã. Pensava em sua casa, em sua irmã, seu cunhado e sobrinhos. E um descontentamento invadia sua alma...

Será que é possível? Até quando vou viver essa vidinha?. Brigava.
Não quero mais!
Chega de viver para servir as pessoas. Tenho que agradar seu Zé e companhia. Fazer tudo certo, com todos os detalhes que a patroa deseja. Demonstrar descontentamento com algo? Nunca! O sorriso na cara é a minha máscara. Afinal, se eu falasse lá que to descontente, seria crucificada! Eles me pagam um salário, que dá só para quitar o aluguel, comer e quem sabe trocar de vez em quando o celular, em 24 prestações fixas, não é o suficiente? NÃO!

Aqui em casa tem tanta gente! E vai as mulheres para a cozinha servir os homens que passam por aqui. Agora com a Copa tá quase o Bar do Valdomiro. É gente xingando o juiz, gritando “uhuuuuu”, “GOOOOOOOOOl”, “tem mais cerveja?”, “ô Janet, traz algumas para a galera aqui na sala”. Ê porcaria!! E não posso falar nada, né? Porque moro de favor aqui, mesmo pagando boa parte do aluguel e algumas contas. Se arranjar encrenca, eles me botam para fora e não tenho para onde ir.

Nossa! Já são duas da manhã e não consegui dormir! Ô Janet, trate de pegar no sono, porque faltam só duas horas para você levantar e repetir tudo.